#4 | cadê o apoio para organizações feministas negras
🧠tema dos últimos tempos na minha cabeça:
talvez você já tenha visto por aí: saiu um novo relatório sobre como a filantropia tem negligenciado os movimentos feministas negros na América Latina e no Caribe. a pesquisa feita em 17 países mostrou que iniciativas lideradas por mulheres negras têm acesso extremamente limitado a financiamento e a maioria depende de recursos próprios para viabilizar seu trabalho.
os resultados confirmam pesquisas anteriores feitas pelo Black Feminist Fund, mostrando que apenas 5% do financiamento para direitos humanos foi direcionado a organizações lideradas por meninas, mulheres e pessoas trans negras e que 81% das organizações feministas negras não têm dinheiro suficiente para atingir seus objetivos!
a pesquisa também mostrou que os financiamentos com foco em gênero tendem a priorizar as áreas de interesse das feministas brancas, sem dar atenção às experiências e necessidades específicas das mulheres negras.
para quem conhece a realidade das organizações feministas lideradas por mulheres negras, nada disso é surpreendente. apesar de mulheres negras estarem à frente de alguns dos mais importantes movimentos por justiça social (no Brasil e no mundo), suas/nossas iniciativas não recebem os recursos e apoio necessários.
pensando em apoiar o trabalho de organizações feministas negras, lá na organização onde trabalho lançamos uma oferta de apoio gratuito em tecnologia e dados para estas organizações/grupos/coletivos. neste link tem mais informações de como funciona!
🧰no que eu tenho trabalhado esses dias
chamada para organizações feministas negras para apoio gratuito de dados e tecnologia: apoio gratuito em temas de tecnologia e dados para ongs e coletivos lideradas por mulheres, meninas e pessoas trans negras! saiba mais aqui.
podcast do Minas Programam: eu e a Ester conversamos com a Stephanie (InternetLab) sobre cotas raciais nas universidades, movimentos políticos de jovens negros universitários e redes sociais. escute aqui!
resiliência digital é a capacidade de uma organização se proteger de – e responder a – ameaças de segurança digital e garantir o bem-estar de seus membros. é um negócio super importante para orgs da sociedade civil, mas ainda é um conceito meio nebuloso/desconhecido. então perguntei aos meus colegas de trabalho como eles definiriam resiliência digital.
entrevista sobre dados responsáveis: falei com a ODI sobre o que é “responsible data”.
💭coisas legais que eu li/ouvi/vi:
mulheres brancas e supremacia branca no terceiro setor: um texto muito bom (em inglês) sobre as maneiras cotidianas através das quais as mulheres brancas mantém a supremacia branca em um setor que é, em teoria, dedicado a tornar o mundo um lugar mais justo.
gordofobia/antifatness: uma das melhores coisas que eu li nos últimos tempos foi o novo livro da Aubrey Gordon: “You Just Need To Lose Weight and 19 Other Myths About Fat People”. A Aubrey é uma das pessoas que apresenta o "Maintenance Phase”, um podcast (que eu amo) sobre ciência, saúde e cultura pop que desmascara os mitos da indústria de saúde e bem-estar e discute a gordofobia na cultura americana. Se você (assim como eu), está interessada em desaprender comportamentos e atitudes gordofóbicas, recomendo demais a leitura (e a escuta do podcast!).
feminismo de dados: o livro “Data Feminism” foi traduzido para o espanhol! tô muito animada com isso, acho que é um dos livros mais relevantes para qualquer pessoa interessada em estudos de tecnologia e sociedade. ah, lá no Minas Programam tem uma resenha de 2021 em português, caso você queira saber mais.
acordo de escazú e acesso à informação: talvez cê tenha visto por aí que o Lula enviou o Acordo de Escazú para o Congresso. o Escazú é um acordo internacional focado em acesso à informação, participação pública e acesso à justiça em questões ambientais para a América Latina e o Caribe e é o primeiro acordo internacional que contém disposições específicas para proteger os defensores dos direitos humanos. a Joara (que tem estado envolvida com as mobilizações pelo acordo desde o princípio) deu uma entrevista sobre o tema aqui.
acho que é isso por hoje! me conta o que achou depois? e se conhecer alguém que vai gostar dessa newsletter, encaminha!